RESEÑA DE POLVO DE PARED
Por Pablo Milani
Polvo de pared
Carol Bensimon
Dakota Editora
120 páginas
Tres dimensiones conectadas entre sí integran Polvo de pared editada por primera vez en 2008 en Brasil (Nao Editora) y ahora por Dakota Editora (2015) en Argentina. Escrita por Carol Bensimon (1982, Porto Alegre) y traducida por Martín Caamaño; esta novela describe el paso del tiempo desde un modo paradójico donde el texto y su protagonista necesitan ser liberados. Sorprende la delicada y minuciosa descripción de los recuerdos de familia sobre una perspectiva ordenada e intensa. Bensimon anuncia un pasado con el sonido propio de la infancia, como ramas que llegan al cielo y que sin embargo son eternizadas en imágenes urbanas. Una reminiscencia como islas en contacto permanente con una mezcla de intrigas y preguntas sin responder. Por otro lado, en Polvo de pared no hay melancolía, sino más bien una lectura un tanto onírica. Proporciona la inclusión del tiempo como simple espectador aventurero y no como un elemento que se prolonga inconsciente. El conocimiento a través de la pasión azarosa pone en juego la inventiva que lucha por interpretar un presente que no tiene apuro en convertirse en pasado. Es una novela que precisa atención y que se desplaza sin miedo, que delata aquello que la mirada pasa por alto.
Alice, la protagonista, recorre sus años de juventud entre ciertas calles y puentes entreabiertos que devuelven un significado aún mayor que los personajes que lo integran. Es decir, sus vivencias adquieren un enigma, entre brutal e imaginario, que marcan el ritmo y que permiten instalar todo aquello que el argumento decide. Sin embargo, la narración no conoce del todo lo que aparece por naturaleza, sino que lo legitima y lo constituye a través de un lenguaje propio. Por cierto, es aquí donde se pone a prueba la novela, donde la escritura penetra y desconfía de lo que va a pasar después por más que se sepa. En consecuencia, la transmisión narrativa no parece nunca formal, aunque lo sea y por eso tiene un peso tan decisivo.
"Sobre esas personas se posaba una nube tóxica de nostalgia. Mientras ellos seguían haciendo ruido, yo subía a dormir, y no porque mis padres me mandasen a la cama: solo era lo que de verdad tenía ganas de hacer. No era enérgica como ellos. Prefería ser tranquila, desconfiada, un poco precoz en la tristeza."
Polvo de pared ataja al tiempo gracias a la astucia de la historia de Alice donde se ponen en juego dos fuerzas opuestas. Por un lado, la lucha por querer desprenderse de lo ya vivido, y por otro, la necesidad de querer contarlo todo para seguir adelante. Ahí radica la intención de volver a visitar la infancia sin que nada la destruya y por eso la escritura de Carol Bensimon se las ingenia para soportar la tristeza sin ninguna venganza.
Pó de parede
Carol Bensimon
Dakota Editora
120 páginas
Três dimensões ligadas entre si integram Pó de parede, editado pela primeira vez em 2008 no Brasil (Não Editora), e agora por Dakota Editora (2015) na Argentina. Escrito por Carol Bensimon (1982, Porto Alegre) e traduzido por Martin Caamaño. Este romance descreve o passar do tempo desde um modo paradóxico, onde o texto e a sua protagonista precisam ser libertados. Surpreende a delicada e minuciosa descrição das lembranças de família sob uma perspectiva ordenada e intensa. Bensimon anuncia um passado com o som próprio da infância, como galhos que chegam ao céu, porém eternizado em imágens urbanas. Uma lembrança como ilhas em permanente contato, com uma conexão de intrigas e perguntas sem respostas. Por outro lado, em Pó de parede não há melancolia, porém uma leitura um tanto onírica que proporciona a inclusão do tempo como simples espectador aventureiro e não como uma obstrução que se prolonga inconscientemente. O conhecimento através da paixão azarosa põe em jogo a inventiva que luta por interpretar um presente que não tem pressa em tornar-se passado. É um romance que precisa atenção, e que desloca-se sem medo, que delata aquilo que o olhar deixa passar.
Alice, a protagonista, percorre seu anos de juventude entre certas ruas e pontes entreabertas que devolvem um significado ainda maior do que as personagens que o integram. Quer dizer, suas vivencias adquerem um enigma, entre brutal e imaginário, que marcam o ritmo e que permitem instalar tudo aquilo que o argumento decide. Não obstante, a narrativa não conhece completamente tudo aquilo que aparece por natureza, senão que o legitimiza e o constrói através duma linguagem própria. Por ende, é aqui onde se põe a prova o romance, onde a escrita penetra e desconfia do que vai acontecer depois, por mais que se saiba. Em consequencia, a transmisão narrativa não aparenta ser nunca formal, ainda que o for e é por isso que tem um peso tão decisivo.
"Havia uma nuvem tóxica de saudosismo sobre aquela gente. Eu subia para dormir enquanto as pessoas continuavam lá fazendo barulho, e não porque os meus pais me mandavam para cama:era só o que eu estava mesmo a fim de fazer. Eu não era enérgica como eles. Preferia ser quieta, desconfiada, um pouco precoce na tristeza."
Pó de parede apanha o tempo graças à esperteza da história da Alice onde se põem em jogo duas forças opostas. Por um lado, a luta por querer tirar de si aquilo já experimentado na vida, e por outro, a necesidade de querer contá-lo tudo para seguir em frente. Ali radica a intenção de voltar a visitar a infância sem que nada a destrua, e por isso a escrita de Carlo Bensimon se vira para suportar a tristeza mas sem desejos de vingança.